Minha “Privada” - Reflexões a Dois

Todos precisam, em certo momento, ficar a sós, pensar, refletir bastante, com algo que chamamos de “nós mesmos”. Só que as pessoas comuns, fazem isso de forma comum, e geralmente num lugar comum.

Procuramos um lugar no qual estejamos sós, tranquilos, com intimidade o suficiente pra pensar em tudo, sem pressa.

Apelo então, à minha “privada”!


Você, certamente, usa a privada (vaso sanitário) para suas necessidades fisiológicas, certo?
Eu também, mas, além disso, a uso para minhas necessidades psicológicas...

Quando tens necessidade de urinar, provavelmente nem irá pensar sobre o caso, não terá algo muito racional sobre isso nesse momento, e você vai lá, diante da privada, mesmo com a cabeça em outro lugar, pensando em outras coisas. É como se seu corpo reagisse daquela maneira, sozinho, sem seu cérebro.

É desta forma que também me vejo em outras situações.
Eu preciso parar um momento pra pensar, pra refletir sobre tudo, e procuro o lugar que me dá mais tranquilidade, intimidade, paz, esse lugar é o banheiro, e sim, sentado na privada.


Você chega do trabalho/colégio, joga suas coisas pra lá, entra no banheiro para tomar um banho, e entre aquele caminho a ser percorrido entre a porta e o chuveiro, você senta, sem nem pensar sobre o caso, como outra necessidade qualquer, e faz isso pensando em coisas como suas notas do bimestre ou um projeto para o futuro.
É como se estivesse procurando o lugar perfeito para continuar seus pensamentos, te trazer inspiração.

Ao sentar, se acomodar, seu corpo relaxa, nesse momento é como se embarcasse num trem, o trem a qual parte da estação racional, faz uma enorme viagem, o suficiente para passar em todos os lugares que você queira, para pensar em tudo o quanto quiser, mas nem tão rápido, para que possa apreciar cada paisagem que figura um pensamento seu.

O tempo muda, para cada hora apenas vinte minutos, mas seu aproveitamento é maior que uma hora completa no seu tempo normal.

Enquanto o trem viaja, e de alguma forma você pode ver por todas as janelas, todos os ângulos, todas as paisagens, ele passa por um campo repleto de flores, com o sol em seu rosto na janela, com o cheiro e temperatura ambiente, você pensa, pensa em tudo.

Como e quando estudará para a prova de química da próxima semana, aonde irá no fim de semana com os amigos, por que tudo acontece com você, ou o contrário, como será seu futuro, como foi seu passado, o que quer esquecer, o que quer relembrar, o que vai sentir falta, e o que não vai...
Até que passar de alguns minutos (ou horas), alguém bate à porta, você levanta meio que adormecido – e feliz, vê que aquilo é só uma privada, abre a porta, a pessoa resmunga, como o maquinista se disse:


- Chegamos!


Siga-me no Twitter.