Karras: Eu entendo. Bem, então. Vamos nos apresentar. Eu sou Damien Karras.
Regan: Eu sou o diabo. Agora, seja bondoso e solte estas tiras!
Karras: Se você é o diabo, por que não faz as tiras desaparecerem?
Regan: É muito vulgar uma exibição de poder, Karras.
Karras: Onde está Regan?
Regan: Aqui... conosco
Estas são frases do famoso filme americano de 1973, O Exorcista, o primeiro filme de terror indicado ao Oscar, que até hoje deixa as pessoas de pernas trêmulas, paralisadas de medo...
Seria ficção?
Bom, não venho aqui tratar do filme, mas da questão exorcismo, a arte de expulsar demônios e afins que resiste a ciência e está mais viva e próxima do que você imagina.
Seres malignos, demônios ou espíritos mal intencionados podem invadir o corpo dos mortais, controlam os movimentos, a fala e a vontade. Seja qual for a religião, em qualquer lugar do mundo, só existe uma solução... O exorcismo.
A história dos exorcistas – os primeiros ‘médicos’ do mundo – é muito antiga, eles que entre os babilônicos eram chamados ashipu, tinham o dever de expulsar demônios dos enfermos, aquela força maligna invisível que interferia no funcionamento do corpo e/ou mente.
O exorcismo ganha novas proporções no Novo Testamento, com a vinda de Jesus Cristo. O Novo Testamento narra 37 casos de exorcismo, e Jesus expulsou inúmeros demônios, sozinho.
Mais adiante, em Roma, no século 4, havia uma ordem de clérigos especialistas em esconjurar espíritos das trevas, eram eles o exorcistado.
Quem conta um conto aumenta um ponto, e nesse período acreditava-se que os demônios eram poderes que desciam do ar e tinham relações sexuais com as mulheres, até santo Agostinho, um dos maiores pensadores do cristianismo acreditava que as bruxas eram frutos dessas relações. Isso explica a caça às bruxas durante toda a Idade Média.
O autor do livro O Diabo no Imaginário Cristão, Carlos Roberto Nogueira, diz. “A partir do século 15, a caça às bruxas, a peste negra, as guerras e a fome fizeram com que as pessoas passassem a pensar que o Diabo estava tomando conta do mundo”
Durante esse período formas de identificar pessoas possuídas foram redigidas, uma lista com 17 itens foi elaborada.
Recomendavam que fosse perguntado ao possuído o nome do demônio (no caso do filme O Exorcista, quem não lembra? Pazuzu).
Não é permitido que a família e amigos ali presentes converse com o possuído, para não serem enganados pelo Diabo, apenas podem rezar fervorosamente.
Um texto de 1602, narrado pelo juiz francês Henri Boguet, um intenso perseguidor das bruxas, conta, poucos anos antes, o caso da menina Louise Maillat, de apenas 8 anos. Ela perdeu os movimentos dos membros e afirmou estar possuída por 5 demônios, cujos nomes eram Lobo, Gato, Cachorro, Alegre e Grifo.
Anos antes da menina Louise, em Viena, uma jovem de 16 anos chegou a hospedar em seu corpo 12 652 enviados de Satã. A avó da menina confessou, sob tortura, que criava, em formas de moscas, os demônios num pote de vidro... Sacanagem, hein?!
Chega de viajar pela Europa agora, vamos ao Brasil.
Os relatos nacionais datam do século 18, com a vinda dos navios europeus, trazendo, possivelmente inúmeros demônios que assombravam seus tripulantes. Luís de Nazaré, um frade de Salvador, tentava curar com práticas terapêuticas os endiabrados, quando não dava conta do recado, os negros entravam em ação, com os cultos africanos.
Naquele tempo, doenças como a esquizofrenia, epilepsia, eram tratadas como possessão demoníaca, hoje no lugar dos súditos de Satã estão microorganismos, para a ciência, o principal mal dos mortais, ou até mesmo distúrbios emocionais, pesadelos ou doenças mentais.
Fica a dúvida, possessão ou doença?
Na Itália, padres da Igreja Católica se especializam em exorcismos, somente em Roma 9 sacerdotes se dedicam a prática, e o exorcista oficial do Vaticano, Gabriele Amorth, enche a boca pra contar dos mais de 40 mil exorcismos que já fez.
O catolicismo é a religião que mais estudou e documentou o exorcismo, isso não quer dizer que a luta contra a legião de Lúcifer entre os mortais é uma exclusividade dos comandados do papa, que praticam o exorcismo em locais fechados, nas igrejas.
Os evangélicos preferem ritos coletivos, melhor ainda se for ao vivo, na TV (o que não quer dizer que sejam de verdade, cuidado com o que vê na TV...).
Ainda que não acreditem em demônios, outras religiões parentes do cristianismo possuem rituais de exorcismo, como o Judaísmo, pai da fé cristã. O islamismo, também o espiritismo e a umbanda possuem ritos que podem ser ditos como de exorcismo.
Há os mulçumanos, que assim como nós cristãos (sou cristão, não estou aqui para ser imparcial) acreditam em anjos, e também nos anjos caídos... Satanás e seus filhos, conhecidos como demônios, duendes e gênios. O livre-arbítrio não se limita aos mortais, portanto nem todos podem ser maus, há o arrependimento pós morte, talvez, não sei...
Os mais céticos dizem que o exorcismo é uma forma de aliviar a dor dos próprios defeitos e problemas, é livrar-se da culpa do que está acontecendo, e isso por vezes funciona.
O padre, exorcista oficial do Vaticano, Gabriele Amorth, diz que os Rolling Stones pertencem a uma seita satânica, é um exemplo da influência de Satã.
Da enorme lista de sintomas, hoje, a Igreja somente reconhece 4 sintomas da possessão demoníaca: Falar línguas estranhas, conhecer fatos inacessíveis, forçar descomunal e abominar tudo que é sagrado.
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2 Papearam...:
eu achei muito bem postado sr. Arthur!
de verdade, um assunto tão sério, e,por isso msm tão polêmico, vc conseguiu sintetizar sem deixar escapar os pontos mais importantes! muitooooooo bommmmmm!
parabéns!! abços, Maria
Gostei bastante do texto e adoro esse tema.
Só não acredito que esses espíritos sejam "demônios", são simplesmente espíritos ignorantes.
http://www.jesykalemos.blogspot.com/
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