Vaticano, Um Complexo de Superioridade

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Há 80 anos, uma negociação – lá, duvidosa – rendeu à Igreja Católica um Estado Soberano, esse que havia perdido no século 19.
A negociação foi feita com apertos de mão entre o Papa Pio 11 e Il Duce, Benito Mussolini, chefe do regime facista italiano.

Era criado, oficialmente, o Vaticano.


Era por volta das 12h do dia 11 de fevereiro de 1929.
Um cadillac preto estacionou em frente ao Palácio de Latrão, em Roma, nele saíra o homem mais temido da Itália, Benito Mussolini.

Dentro do Palácio estava à sua espera o Papa Pio 11 e seus mais gabaritados funcionários, que receberam Il Duce com apertos de mão.

Mas o que queria Mussolini?

Simples, meu querido leitor.
Queria que a Igreja reconhecesse oficialmente o regime Facista, na Itália.

O Corpo Administrativo da Igreja logo respondeu, pedindo em troca um Estado Soberano, que havia perdido no século passado.

Sem recusa, por volta das 13h, Mussolini assinou o Tratado de Latrão, dando à Igreja um território independente dentro de Roma.
Surgia então o menor país independente do mundo e a última monarquia absolutista da Europa.


Mas a “história” do Vaticano está enraizada muito antes do Tratado de Latrão. Está paralela à história da Igreja, em si, e desde os primeiros Papas.

Desde quando pontífices se declaravam os “Senhores do Mundo", e lideravam guerras apelando ao sinal-da-cruz.

Isso reflete até hoje no poder dos pontífices, da influência além divindade do papado, na política, economia etc.


O papado reflete a fraude mais bem sucedida de toda a história:
A Doação de Constantino.


Voltemos no tempo para entender o tal documento...

A parte ocidental do Império Romano foi invadida e devastada pelos bárbaros, ao longo do século 5.
No ano 476, Roma fora conquistada. E entre tantas guerras, o papado foi a única instituição organizada que conseguiu sobreviver, e foi o Papa Leão Magno que liderou o Vaticano nessa transição, entrando para a história como um gênio da diplomacia.

Ao fim de todo o “pega-pra-capar” era a Igreja a dona do monopólio mais poderoso, em tais circunstâncias, o conhecimento.

Os cristão eram os únicos europeus letrados no início da Idade Média.

Sim, mas e daí?

Daí, meu caro, que com exceção do Brasil, você já viu líderes, legisladores, conselheiros “analfabetos”?

Pois é, com isso a Igreja fornecia os conselheiros, legisladores e muitos outros para os reinos “nascentes”.

Consequência disso:
Bárbaros se convertendo – a partir de 508 – sob influência da Igreja, que ganhara mais força. Clóvis, rei dos francos, foi o primeiro a se converter, e mandou batizar seus exércitos com tonéis de água benta.


O autor da Doação de Constantino era provavelmente de uma classe especial de clérigos eruditos, as equipes de falsários que, entre os séculos 6 e 9, trabalhavam nos escritórios papais alterando e inventando documentos para fortalecer a posição dos bispos romanos.

O tal documento, se tratava de um testemunho em mistura com testamento, assinado – supostamente – pelo imperador Constantino, em 315.
Nele, conta como o imperador fora milagrosamente curado da lepra, graças às preces do Papa Silvestre.

Em troca disso, o nada egoísta Constantino, transformou os papas em seus herdeiros legais.

“A eles deixo a coroa imperial e o governo de todas as regiões do Ocidente, de agora para sempre”.

A Doação de Constantino foi aceita como documento verídico durante toda a Idade Média, e foi usada, por nada menos que 10 papas.


O primeiro a usar, foi Estêvão 20, em 754, quando viajou para encontrar o rei dos francos, Pepino.
Ele procurava ajuda para transformar Roma e as terras vizinhas ao “Santo Território”, e A Doação foi apresentada pessoalmente por Estêvão a Pepino. O rei franco aceitou o documento como prova da autoridade dos papas – na sociedade iletrada da época, registros escritos despertavam respeito.


Mundo em mãos!

A Europa estava de joelhos, na virada do ano 1000. Os cristianismo havia unificado o caleidoscópio cultural do Ocidente, transformando assim, numa grande nação espiritual.

No entanto, na Ásia era diferente, o papa não tinha sua autoridade reconhecida.
Em Constantinopla, o patriarca se considerava tão importante quanto o seu colega italiano, e discordava em alguns aspectos da liturgia romana.

Em 1054, o Papa Leão 90 e Cerulário excomungaram um ao outro, e as relações entre as Igrejas, já eram.

No Oriente, Cerulário formara a Igreja Ortodoxa, e a Igreja Romana se declarava a única, eterna e católica.

Católica (do latim, katholikos) = Universal.



Somente em 1440, foi desmascarada a Doação de Constantino, por Lorenzo Valla.
Valla provou que o documento estava repleto de erros históricos.

Segundo os biógrafos antigos, o imperador Constantino nunca havia sofrido de lepra.

Assim, a excomunhão perdeu a eficácia, os reis começaram a bater cabeça com os papas. E pra completar o caos cristão, universidades apareciam em toda a Europa, a educação não era mais um privilégio do clero.
Surgia o Renascimento.


No entanto, dentro do seu território, os papas ainda eram ricos e muito poderosos.
A carreira no papado se tornara, então, um foco para os oportunistas que ansiavam pela fortuna católica.

Alexandre 60 – ou Rodrigo Borgia, como queira – foi eleito papa em 1492.

Como foi eleito?
Uma gorda propina distribuída aos eleitores responde à sua pergunta?

“Eram 4 mulas carregadas de ouro. Bonitão e sedutor, Alexandre tinha duas amantes oficiais, deu festas de arromba no Palácio Apostólico e gerou 7 filhos conhecidos, alguns presenteados com rentáveis cargos eclesiásticos”.

Em 1789, após a Revolução Francesa, os papas tornaram-se governantes retrógrados.
Baixou o “Santo” nos papas, que condenavam e proibiam tudo o que parecesse moderno.

A Europa via o Iluminismo florescer – movimento filosófico que colocava a razão e a ciência no centro do mundo, questionando o valor absoluto da fé.

O francês e iluminista Voltaire, defendia que todos os homens nascem iguais, e todos têm o direito de escolher qual sua religião.


“O pacto com Mussolini foi terrível para a imagem do Vaticano. No fim da vida, Pio 11 repensou suas alianças e escreveu uma encíclica condenando o anti-semitismo – na época, Hitler já tinha dado a largada para o Holocausto. Diz a história que faltavam dois dias para a publicação do texto quando ele morreu, em 1939. Numa decisão desastrosa, o sucessor, Pio 12, arquivou a encíclica redentora: ele via no regime nazista um incômodo necessário na luta contra a maior das ameaças, o comunismo. Mesmo após o início da 2a Guerra Mundial, Pio 12, um papa eloqüente, que fazia milhares de discursos sobre todos os assuntos possíveis, jamais denunciou os crimes nazistas. Adolf Hitler, que se dizia católico, nunca foi excomungado”, escreve o teólogo alemão Hans Kung em Igreja Católica.



Hans Kung, por volta de 2001, junto com outros teólogos liberais fizeram lobby por um Concílio Vaticano 30.
No entanto, a ideia não foi aceita pela Congregação para a Doutrina da Fé – bonito nome para a antiga Inquisição, não acha?
Hoje não queima ninguém, mas tem o grande poder de censura e de mudar os dogmas católicos.

Quando o novo concílio foi recusado, o “líder” do Santo Ofício era um cardeal alemão, muito conhecido pelo seu intelectual brilhante.
Nos anos 60, amigo de kung, simpatizava com a ala progressista.

O cardeal mudou de opinião, e se afastou do amigo. Hoje está lado à lado de cardeais como Giacomo Biffi, que disse, durante o sermão da Quaresma de 2007, na Santa Sé, que a vinda do anti-cristo está próxima, e que ele virá como “ecologista, pacifista ou ecumenista”.

Quem era o mente brilhante, cardeal alemão?

Joseph Ratzinger, ou mais conhecido como Papa Bento 16.



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12 Papearam...:

J. C. David disse...

vaticano e centros religiosos em geral = hipocrisia..

J.C! disse...

Bem interessante

PCN disse...

Poxa, interessante isso tudo. Sempre ouvimos falar do vaticano, mas nunca do que está por trás dele...

http://papeisriscados.blogspot.com/

Fabrício Bezerra disse...

olha eu não sou católico ,mas eu acho que a Igreja Católica sofreu muito pra poder se estabilizar,causou sofrimento tambem,mas ...

Anônimo disse...

Nossa......interessante...amo história!

parabéns pelo blog!

Anônimo disse...

Concordo com o primeiro comment!!!

Anônimo disse...

Você também será linkado =DD

Abração!! Sucesso pra nós!

Diego Martins disse...

Muito interessante a sua postagem sobre o Vaticano.
www.blogtelenoticias.com

michelle susan disse...

É interessante saber, como realmentee aconteceu !

Muito bom o blog, Bjoo !

Rosangela A. Santos disse...

Muito interessante mesmo tudo isso .. mas sinceramente A igreja anda deixando deixando muito a desejar para com os seus fieis..


Abç..

Marcelo A. disse...

Cara, sou suspeito pra falar... sou historiador! Rsrsrsrs!

Já pensou em estudar História?

Abração!

Anônimo disse...

interessante demais
mundo hipócrita esse...
as igrejas sabem como ganhar dinheiro, né?

www.doisps.blogspot.com

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